sábado, 8 de novembro de 2008

UNICERP
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO
CURSO DE ENFERMAGEM –II PERÍODO
DISCIPLINA:ÉTICA E BIOÉTICA PROFISSIONAL
PROFESSORA:ÂNGELA MARIA DRUMOND LAGE














A ÉTICA DIANTE DOS CASOS DE SUICÍDIO








Franceline Veloso Almeida Rosa Luana Aparecida Souza
Rubia Aparecido Ribeiro
Tânia Maria da Silva















PATROCÍNIO-MG
2008
Franceline Veloso Almeida Rosa
Luana Aparecida Souza
Rubia Aparecida Ribeiro Oliveira
Tânia Maria da Silva











A ética diante dos casos de suicídio












Trabalho apresentado para avaliação na disciplina
de Bioética e Ética Profissional da prof. Ângela Maria
Drumond Lage do II Período do I Bimestre do
curso de Enfermagem Diurno do Centro Universitário
do Cerrado-UNICERP.



















PATROCÍNIO-MG
20/11/2008
Sumario

1-Introduçao---------------------------------------------------------------------------------------4

2-Uma breve digressão temática---------------------------------------------------------------6

3-Suicídio em seu mostrar-se a profissionais de saúde-------------------------------------15

4-Conclusao---------------------------------------------------------------------------------------19

5-Referência Bibliográfica----------------------------------------------------------------------20







































INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, tem se observado, com grande preocupação, o aumento no número de casos de suicídio e tentativas de suicídio em muitos países do mundo. Resulta de um ato deliberado, iniciado e levado a cabo por uma pessoa com expectativa de um resultado fatal. Falar em suicidio e tocar no cerne de questionamentos que envolvem questões muito mais amplas do que um ato isolado que, em principio, envolve apenas uma pessoa e seus familiares mais próximos. Falar em suicídio e falar na destrutividade que de alguma forma atinge a todos indistintamente e que escolhe suas vitimas apenas para pontuar a extensão desse aspecto destrutivo. Guillon e Berniee ensinam que muitos suicídios são assassinatos, crimes sociais, e em todos os outros a responsabilidade do sistema social esta comprometida. Mesmo dizendo isso, dizemos pouca coisa. A sociedade mata, adoece as pessoas e deixa-as loucas. Nem por isso se cogita lutar contra a doença ou a loucura. E de fato podemos constatar que muitas pessoas despojadas de dignidade existencial em suas vidas se matam; e uma primeira questão que surge e se devemos dissuadi-las disso? Em nome de qual proposta de felicidade devemos faze-lo?
E de outra parte o eco da esquerda proclama que se devemos morrer porque somos vitimas da injustiça ou da miséria, e melhor tentar, antes disso, nos unirmos a um dos grupos que lutam precisamente contra a miséria e a injustiça. A grande questão que se coloca no bojo das discussões envolvendo a problemática do suicídio e qual a diferença entre o sacrifício de uma vida em prol de causas grandiosas e o sacrifício dessa mesma vida diante de incertezas e ate mesmo aniquilamento existencial. O suicídio nada mais e do que a constatação derradeira de que e o fato de não poder viver que leva a pessoa a procurar a morte.
Foi proibida a divulgação de suicídio de menores. Em 1978 uma advertência do ministro da justiça da Franca cita a lei de imprensa em que figura, desde 1955, a interdição de publicar qualquer ilustração envolvendo o suicídio de menores em livro, na imprensa, no radio, no cinema ou de qualquer outra maneira.
E num momento em que assistimos a um crescimento vertiginoso de todas as formas de violência, o suicídio praticamente, em que pese a dramaticidade de suas ocorrência, será apenas mais um dos elementos de destrutividade existente no seio social e que está a destruir incontáveis vitimas. Ex: famílias atiradas ao seio da miséria, vitimadas pela questão cada vez mais cronificada do desemprego, ou ate mesmo os casos de doenças letais como câncer, AIDS, malária etc.
A realidade atual mostra o suicídio se complementando com outras formas mais cruéis de destruição por envolver questionamentos que não encontram guarita no seio das explicações cientifica, acadêmicas e mesmo religiosas. E um mistério que esta a desafiar todos os estudiosos no sentido de se tentar compreende-lo.
Pesquisa-se muito sobre o suicídio mas as conclusões praticamente são as mesmas das afirmações de Durkhein no final do século passado. Demoramos quase um século para aceitar o que Durkhein afirmou no final do século passado ao enfeixar o suicídio como uma ocorrência individual que estava diretamente vinculada com outras ocorrências sociais.
Não e possível uma afirmação absoluta de questões envolvendo ética, igualmente não temos valores absolutos para a definição de suicídio. Então a nossa tarefa reveste-se de uma árdua e longa tentativa que, certamente, servira de contribuição, mas nunca de conclusão de tais temáticas.



















UMA BREVE DIGRESSÃO TEMÁTICA

Aspectos envolvendo a discussão sobre as ocorrências do suicídio ainda apresentam a agravante de mudarem de acordo com as mudanças sociais. Kalina e Kovadloff colocam que atualmente o suicídio não deixou de ser entendido como um ato pessoal, como ação do individuo. Em cada sujeito que se mata fracassa uma proposta comunitária. Saímos assim de uma analise individual dos casos de suicídio para minimamente abordamos a comunidade e a família como expressão pormenorizada de alternativas e condutas sociais. A ocorrência do suicídio se mistura a outras formas de violência e se torna parte de um todo social destrutivo.
Vivemos numa sociedade delirantemente suicida que aniquila os seus cidadãos das formas mais violentas que se pode balizar. Seja no assalto que ceifa a vida do jovem adolescente em busca do tênis importado, seja na violência das torcidas uniformizadas, seja na violência mitificada em velocidade nas ruas e estradas, seja ainda no simples quietismo diante de tantas formas impiedosamente aniquiladoras. A destruição social faz com que as vitimas dessa degeneração transformada em violência nada mais sejam do que simples vitimas de uma sociedade suicida que apenas aniquila suas próprias células.
Falamos em ética na saúde, buscamos ética em nossos relacionamentos interpessoais mas não conseguimos sequer definir quais os aspectos que devem envolver a normatizacao da própria convivência social em meio a uma sociedade tão delirante e tão destrutivas.
Falamos em dignidade e não conseguimos seque perceber a dor do outro diante de situações de desespero. Pede-se o fim da violência, dos assaltos, mas não se questiona se esses assaltos não estão ligados à mera necessidade de sobrevivência de um sem-numero de pessoas que, simplesmente, estão excluídas das condições sociais e termos de dignidade e ate mesmo das condições mínimas de sobrevivência.
Essa ética encontra respaldo em toda a parcela da população atingida por esses desatinos, mas não incorpora a necessidade de se repensar que essa violência também e uma reação contra outras formas de violência. Que essa violência cometida contra a classe media nada mais e do que uma tentativa de suicídio na qual o suicida e tanto o




agressor como o agredido, vitimados ambos por uma sociedade suicida. Uma sociedade que não reconhece seus elementos como cidadãos, não lhes oferecendo o mínimo necessário de dignidade e cidadania. Atira seus elementos à miséria ao mesmo tempo em que contempla toda a sorte de injustiças sociais sem curvar-se ao clamor de dor dos mais atingidos pelo desespero.
Assim a ética que envolve a temática do suicídio antes de mais nada e um conjunto que visa normatizar os aspectos observáveis desse tipo de ocorrência, mas não tem como abranger a própria subjetividade presente intrinsecamente em cada caso.
E fácil o estabelecimento de uma condenação moral a atos considerados inadequados e que de alguma forma firam a ordem social. Um ato de estupro acompanhado de assassinato cometido contra uma criança e um exemplo cujo determinante de condenação é consenso em todos os tecidos e segmentos sociais.
Não há como tolerar esse tipo de acinte cometido contra a integridade física de uma criança, e ate mesmo discussões envolvendo possíveis aspectos patológicos do agressor se perdem diante da atrocidade maior que é o próprio ato em si.
É trazer à tona os aspectos transcendentes da condição humana naquilo que o homem apresenta de mais peculiar, que e o fato de ser predador da própria espécie. Centralismo consigo mesmo e, por assim dizer, esse distanciamento do outro faz com que o homem fique cada vez mais insensível com a violência que atinge o outro. A violência passa a ser preocupante apenas e tão-somente quando for atingi-lo em seus limites familiares. Do contrario e apenas mais uma das inúmeras ocorrências sociais que cercam s sua vida.
O suicídio e uma das mais violentas manifestações da própria violência. E uma violência cometida contra si mesmo e contra o outro. O suicida se eterniza no outro. Traz, além da morte, e das implicações inerentes ao morrer, a condição de levar o outro a um sem-numero de questionamento infindáveis. O suicídio como manifestação da violência ira exigir que tipo de ética?
Ainda assim e necessário um aprofundamento nas discussões que envolvem a formulação de um construto de ética que possa ao menos determinar posturas mínimas de convivência e estreitamento para o atendimento dos casos de suicídio.



Analisar um caso de suicídio é antes de tudo analisar um caso que envolve um dos mais instigantes e desconhecidos enfeixamentos da condição humana. E debruçar-se sobre fatos procurando compreender um fenômeno que talvez sequer apresente condições para ser compreendido, e procurar aspectos obscuros da vida humana. Cito como exemplo um caso um caso ocorrido anos atrás e que teve cobertura jornalística do telejornal “Aqui Agora”. Uma mulher que estava prestes a se atirar do alto de um prédio. A platéia que, ávida de emoção, gritava para que a mulher pulasse e contemplasse a todos com o inusitado daquele espetáculo. A total falta de solidariedade, tanto dessa platéia como de muitas pessoas envolvidas no simples registro jornalístico, é também merecedor de inúmeras interrogações sobre o realce dado a esse registro em detrimento da pessoa envolvida num processo de morte tão violenta.
Ao lado do sofrimento envolto no ato do suicídio e, por assim dizer, de outras formas de violência, sempre esta subjacente um nível de inconformismo com os aspectos da própria condição humana. E como se questões emocionais não mais tivessem espaço diante do sensacionalismo de uma noticia ou mesmo de um fato isolado que tem o poder de causar polemica. Desatinos e dores emocionais não podem ser balizados com a mesma criticidade com que se pontuam razoes onde a emoção não tem espaço nem mesmo sequer bojo de articulações ainda que seja mera digressão teórica.
O suicídio quando e visto a partir da óptica que baliza determinadas praticas profissionais e mesmo sociais sempre é considerado apenas sob o aspecto que envolve sua configuração como ato que envolve a morte numa configuração de violência extremada que pode também envolver outras pessoas, seja no aspecto de indução, seja também no aspecto que envolve possíveis tentativas de homicídio que são escamoteadas numa possível configuração de tentativa de suicídio.
Busca-se uma forma de compreensão do suicídio que envolva os aspectos de sua repercussão em termos de compreensão dessa faceta da condição humana. Evocam-se razoes humanitárias, jurídicas, medicas, filosóficas e outras para tentar, de uma maneira bastante abrangente, explicar e dar contornos ao real significado do suicídio na condição humana.
Explicar o ato do suicídio é buscar uma forma de explicação que certamente servira apenas para satisfazer a necessidade humana de buscar explicar os fenômenos que de alguma forma fazem parte de sua vida. E explicar os fenômenos, ainda que tais explicações não se sustentem de outra forma que não a fé dogmática.

A explicação do fenômeno do suicídio transforma-se ao longo do tempo é evidencia da maneira irracional como o homem procura explicações de maneira a satisfazer sua necessidade de compreensão na condição humana.
Explica-se, teoriza-se, de alguma maneira tenta-se buscar formas de compreensão para dar formas e contornos a um ato que esta constantemente a desafiar todas as formas de balizamento que se fazem sobre a sua natureza. E da mesma maneira que se busca a compreensão, mais distancia dos fatos é propriamente o resultado obtido.
O suicídio abarca questões de toda ordem,onde até mesmo questões místicas são buscadas para balizar-se sua ocorrência e de alguma forma tecer comentários que possam direcionar sua abrangência ,em que pese o seu raio de ação não ser passível de domínio da compreensão humana.
A contribuição da Igreja para a incriminação do suicídio,a partir do século V,apesar de brutal e tardia,é cheia de zelo.Podemos inicialmente,com todo direito,suspeitar que a igreja primitiva incitava ao suicídio por exaltação ao martírio,que valia como entrada grátis para o reino dos céus. São Pedro,fundador da seita,não tinha deliberadamente procurado a morte,assim como seu divino patrão?”Ninguém me tira a vida ,eu a tiro de mim mesmo”,diz Cristo no Evangelho de São João (X,18)É preciso esperar o século IV para que Santo Agostinho resolva mostrar que o suicídio è “uma pervesao detestável e demoníaca” e que o não mataras bíblico se aplica também a si próprio.
E de outra parte também é nos seios das religiões que o sociedade se estuda para tentar evitar que seus membros busquem o suicídio como alternativas para situações desesperadas.È nas religiões que os fieis encontrarão toda a sorte de argumentos e questionamentos sobre suas sansões exercidas sobre aqueles que decidem pela própria morte de maneira arbitrária .A vida,segundo a totalidade das religioes ,é um dom divino e somente a Deus cabe a decisão de abrevia-la ou até mesmo altera-la segundo seus desígnios.Ao homem cabe apenas cumprir sua sina humana e aceitar seu sofrimento sem poder recorrer á morte como recurso que ponha fim a situações de sofrimento.
O suicídio esbarra na própria legitimidade de escolha da pessoa diante de situações de sofrimento extremados.E de alguma forma é tolerável nos casos de enfermidades crônicas e irreversíveis.Mas não se tolera o suicídio nos casos de sofrimento emocional.E o que é o suicídio senão uma escolha pessoal que tenta estancar algum nível de sofrimento ,seja emocional ou físico?


A maneira como questionamentos envolvendo o suicídio esbarram em questões de premência ou não de se prolongar vidas à custa simplesmente de recursos tecnológicos sem levar em conta a própria dignidade dessa vida.
E se por um não conseguimos abranger adequadamente o que seja uma vida plena, digna etc., conceituamos suicídio de forma absoluta. E mesmo assim deixamos de lado aquelas formas de destruição que não aparentes.Podemos citar os casos de alcoolismo,e tendo como agravante que o quadro de alcoolismo carrega consigo não apenas um sofrimento isolado e individual mas toda destruição familiar.O álcool mata 25 vezes mais do que todas as outras drogas legalizadas e proibidas juntas.
Polemiza-se sobre a legitimação da eutanásia, mas não se encontra uma linha sequer sobre a maneira como o álcool é colocado à disposição de tantos quantos queiram se destruir por sua ingestão. A diferença ,talvez,entre o consumo de álcool e maneiras tecnológicas encontradas nos hospitais para se colocar fim a vida vegetativas é a simples constatação de que o alcoólatra faz uso de sua deliberação sem questionar o teor de sua destrutividade.A ingestão continua de álcool não levara ninguém a questionar as razoes determinantes desse teor de destrutividade,ao passo que nos atos fulminantes a busca de razoes é imediata e provoca celeuma de toda natureza que,muitas vezes,esbarrram em questionamentos indesejáveis,seja do ponto de vista meramente familiar,seja do ponto de vista das próprias estruturas sociais.
Em outras palavras,permite-se algumas formas de suicídio legitimando-se seus instrumentos e métodos ao mesmo tempo em que se condena totalmente outras formas de alto destruição.Tolera-se igualmente o suicídio em pessoas que estejam diagnosticadas com doenças irreversíveis,usando-se o argumento falso de que essa pessoa iria mesmo morrer e,portanto,apenas antecipou sua morte.A morte existe apenas para aqueles possuidores dessas enfermidades e não acomete o restante das pessoas.Agimos como imortais e não toleramos a busca da destruição,a não ser naqueles casos em que a morte não se faça presente.E a tolerância existe apenas nos casos em que o sofrimento é visível e palpável,não se tolerando em hipótese alguma os casos de sofrimento emocional por maior que seja a extensão da dor e da desestruturação ate mesmo física que possa provocar.
Devemos ainda considerar os casos de destruição esportiva em que níveis de questionamento?Como enquadrar uma luta de boxe,onde o objetivo da luta é a destruição do oponente?Ou então uma morte automobilística,na qual o risco eminente

da morte fascina a todos os admiradores desse tipo de espetáculo?Ou então da pratica de esportes como alpinismo,balonismo,para-quedismo etc.,em que a morte é simples e natural decorrência de qualquer deslizes circunstancial ?
O determinante então que se coloca é que condições são necessárias para que uma pratica destrutiva seja socialmente aceita ao mesmo tempo em que outras são completamente excradas. Ou mesmo nas principais religiões em que o suicídio é condenado de forma absoluta,mas que sempre apresentam casos de imolação e muitas vezes busca deliberada de morte dos principais lideres.
Busca-se compreensão para um ato ao mesmo tempo em que se tolera desdobramentos desse ato das maneiras mais disformes possíveis.Alterna-se destruição com a pratica esportiva;alterna-se busca de dignidade com a destruição social ao mesmo tempo em que não se aceita a busca de condições mais favoráveis de dignidade humana.
A grande barreira a ser transposta nas discussões envolvendo a temática suicídio é aquela que nos remete ao ato de que a compreensão do sujeito e da sua dor esta a exigir de todos os envolvidos em seu atendimento uma performance que ao mesmo tempo que abarca os aspectos teóricos e filosóficos do ato em si,contemple a dor e o desespero de todos os envolvidos no ato em si.
Em termos legais, o código penal brasileiro rege o seguinte acerca de suicídio:

INDUZIMENTO,INVESTIGAÇÃO A SUICÍDIO

Art.122-Induzi ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxilio para que o faça:
Pena :Reclusão de 2 a 6 anos, se o suicídio se consuma;ou reclusão,de 1 a 3 anos,se da tentativa de suicídio resulte em lesão corporal de natureza grave.

Aumento da pena
Parágrafo único. A pena é duplicada:
I se o crime é praticado por motivos egoísticos;
II se a vitima é menor ou tem diminuída,por qualquer causa,a capacidade de resistência.

Delmanto detalha esse tópicos visando uma melhor compreensão da seguinte forma:

PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO:

Noção:embora o suicídio não seja ilícito,a lei pune o comportamento de quem induz,instiga ou auxilia outrem a suicidar-se.

Objeto jurídico:A preservação da vida humana.

Sujeito ativo: qualquer pessoa.

Sujeito passivo: qualquer pessoa (desde que tenha discernimento senão o crime poderá ser homicídio).

Tipo objetivo: a participaçao pode ser física ou moral.Tres são a formas previstas:induzir,instigar e auxiliar;ainda que o agente pratique mais de uma ação,o crime será único.Nao pode haver auxilio por omissão.O crime só é punido quando há morte da vitima ou esta sofre lesão corporal grave.

Tipo subjetivo:Dolo(vontade livre e consciente de praticar a conduta prevista) e o elemento subjetivo do tipo (conduta seria ,no sentido de que a vítima,efetivamente,venha se matar).Na doutrina tradicional é o “dolo específico”.Geralmente é o dolo direto,mas,para alguns ,em sua forma eventual.Inexiste participação por culpa.

Consumação:Com a morte da vítima ou ocorrência de lesão corporal grave(crime material).

Confronto:Poderá haver homicídio se a vítima é forçada a suicidar-se ,ou não tem resistência alguma.

Classificação: Crime comum quanto ao sujeito, doloso (com elemento do tipo subjetivo), alternativo quanto à conduta comissivo, instantâneo, material e de dano.
Pena: Reclusão de 2 a 6 anos.

Ação penal:Pública incondicionada,cabendo ao júri o julgamento .

FIGURAS QUALIFICADAS

Motivo egoístico:É a vantagem pessoal.Trata-se de motivo de agir,constituindo elemento subjetivo do tipo.

Se a vítima é menor:Entretanto,precisa ter certo entendimento(vide nota sujeito passivo)

Vítima com capacidade de resistência diminuída por qualquer causa:Exemplos:doente ,
embriagada etc.

Pena:A do caput duplicada.

De outra parte,Noronha tem o seguinte comentário:’’não é crime a pessoa matar-se(morte física),mas é crime um individuo auxiliá-lo;não é delito uma pessoa prostituir-se (morte moral),porém é crime um indivíduo favorece-lo.”Razoes de sobejo existem para a incriminaçao do induzimento ,instigação ou auxilio ao suicídio.Do mesmo modo que na eutanásia ,o auxiliador viola alei de respeito à vida humana e infringe interesse da vida comunitária,de natureza moral,religiosa e demográfica.O direito vê no suicídio um fato imoral e socialmente danoso ,o que cessa penalmente indiferente quando a causá-lo concorre,junto com a atividade do sujeito principal,uma outra força individual estranha.Consigne-se ,que a piedade que acerca o suicida ,não se compreenderia no auxilio,quase invariavelmente inspirado em interesses inconfessáveis.De qualquer modo,como escreve Maggiore “a consciência ético-jurídica não admite que um terceiro se levante como juiz de direito de outrem à vida e se torne cúmplice ou auxiliador de sua morte.”E em termos jurídicos temos a citaçao de Mirabete que coloca que “o suicídio é a eliminação direta da própria vida ,é a deliberada destruição da própria vida.Por razoes que não se prendem à impossibilidade de punição do suicídio e á política criminal não se incrimina a prática de punição de suicídio.Como a pena não pode passar da pessoa do delinqüente seria impossível a sua aplicação ao suicida.Ademais ,a cominação da pena não serviria de prevenção ,porque quem morrer não se importava com a ameaçao de sanção ,seja ela qual for.Mesmo quanto à tentativa o estado renuncia a punição ,por motivos políticos e de ordem ética ,de piedade,de caridade humana ,que impede de agravar com a pena a amargura de que já se lançou em busca da morte.”
Em pratica profissional Camom coordenou atendimentos as vitimas de tentativas de suicídio nos prontos socorros. Típicos dessa situação eram aqueles momentos em que davam entrada no pronto socorro em busca de atendimento alguma adolescente vitimada pela ingestão de comprimidos .O comportamento da maioria dos profissionais envolvidos na atividade era de taxar aquele ato como sendo veadagem ,termo usado por profissionais que por meio desse termo mostravam claramente despreparo diante desses casos. Preconceitos e dificuldades pessoais geralmente fazem com que o profissional menospreze a importância da tentativa de suicídio. (SAMPAIO & BOEMER, 2000).
É como se um dado momento o ato suicida fosse simplesmente reduzido a uma avaliação a partir dos meios utilizados. A dor e as implicações emocionais do ato da vida do paciente não só eram desconsiderados como sequer faziam parte de um eventual roteiro de anamnésia dessas instituições.O grito de desespero do paciente não é considerado ,simplesmente despreza-se os determinantes que circundam a vida desse paciente em tal teor de desespero diante de situações emocionalmente insustentáveis.E de fato esse jugo moral presente nos profissionais de saúde em suas praticas hospitalares apenas reflete uma faceta da condenação presente nos demais seguimentos da sociedade.
Dessa maneira de forma quase explicita a sociedade como um todo espera de seus membros determinadas condutas ate mesmo de ante daqueles que buscam a morte. Esse profissional se faz porta-voz de todo o julgo moral da sociedade diante daqueles que enveredam pelos caminhos do suicídio.É de forma mais drástica podemos afirmar que ate mesmo os instrumentos utilizados nos atos de suicídio são determinados a partir do prisma social.
De outra parte, executivos que tenham perdido o patrimônio certamente deverão buscar a morte utilizando-se arma de fogo. Se assim procederem,alem do julgo moral presente no ato em si – a eterna celeuma se o suicídio é um ato de covardia ou coragem-haverá ainda outras manifestações pejorativas sobre a sua pessoa.Um homem que corta os pulsos,por exemplo será considerado um maricas que simplesmente esta querendo ser alvo de atenção.Ou mesmo,como se diz popularmente,homem que é homem tem de mostrar macheza ate a hora de morrer.E ate mesmo na morte a conceituaçao social predominante de que o homem não pode expor suas emoções é determinante na conduta a ser adotada.
É como se respondêssemos de modo afirmativo aos determinantes sócias ate mesmo quando queremos colocar fim à própria vida e,por assim dizer,ao social presente a nós mesmos.É como se o homem tentasse romper com aquilo que fizeram dele mas simplesmente faz aquilo que dele é esperado.O suicídio,assim como outras manifestações de rebeldia,nada mais é do que uma resposta esperada diante de situações extremas de opressão emocional.
O homem que se mata faz dele aquilo que dele é esperado.Ele termina da maneira como a sociedade em suas teias de violência determina.Cumpre um ritual de violência não apenas colocando fim a sua própria vida mas respondendo de maneira afirmativa aos apelos e clamores sociais.
É na impossibilidade de um enfeixamento de atitudes dos profissionais da saúde e de todos os envolvidos nos casos de suicídio e de tentativa de suicídio que pudesse configurar-se como sendo um código de ética humana praticamente nada temos a oferecer.
SUICÍDIO EM SEU MOSTRAR-SE A PROFISSIONAIS DE SAÚDE
São uma das principais causas de morte de adultos jovens, situando-se entre as três maiores causas na população de 15 a 34 anos, para ambos os sexos. Isso representa uma grande perda para a sociedade, envolvendo pessoas jovens, nos anos produtivos da vida. Inúmeros trabalhos sobre o tema apontam que grande parte de pessoas que tenta o suicídio acaba por repetir inúmeras vezes esse comportamento, chegando, muitas vezes, a obter êxito. (CASSOLAR, 1991).

Para a psicanálise, o suicídio é uma situação psicótica. Isso não significa que a pessoa seja psicótica, mas que, no momento do ato, nela tenham se ativado núcleos e componentes psicóticos da personalidade que permaneciam inativos e neutralizados pelas partes não psicóticas da personalidade e que acabam por se manifestar em dado momento da crise. A tentativa geralmente está associada às fantasias que cada pessoa tem com relação à morte: busca de uma outra vida, desejo de ressurreição, reencontro com mortos, volta ao seio materno e retorno à vida intra-uterina, agressão e punição ao ambiente. (CASSOLAR, 1991)

Através de investigações, observa-se, que os meios utilizados para o suicídio quase sempre envolvem o uso de instrumentos cortantes e penetrantes, armas de fogo, envenenamento, métodos traumáticos de asfixia, salto de alturas e atirar-se sob veículos. Quanto aos aspectos dinâmicos dessa forma de comportamento autodestrutivo, fatores como dependência, agressão e hostilidade, culpa e angústia, apesar de sua reatividade, parecem constantes na dinâmica do suicídio.
Entretanto, mesmo sendo estudado em quase todas as partes do mundo, permanece ainda um grande enigma para as ciências do comportamento a relação do homem com sua vida e, por conseguinte, com sua morte.
CASSORLAR (1991) organizou uma coletânea de trabalhos de pesquisadores brasileiros que discutem o fenômeno do suicídio, partindo de referenciais variados como a psicanálise, a psiquiatria, a psicologia social, a educação, a reflexão filosófica. Essa coletânea apresenta temas relacionados à incidência, fatores suicidógenos, motivações, medidas profiláticas, infância e adolescência, vitimologia e educação. (CASSOLAR, 1991). KASTENBAUM & AISENBERG (1983) descrevem alguns fatores que podem levar uma pessoa a cometer suicídio. Ressaltam que as causas fundamentais devem ser procuradas na contextura psicobiológica do próprio indivíduo. Um pedido indireto de auxílio é feito através do próprio gesto suicida. (KASTENBAUM & AISENBERG, 1983).
O sociólogo Durkheim, progenitor das teorias sociais acerca do suicídio, considera-o uma manifestação de um ato individual que, na sua essência, seria social. Define-o como “todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo, praticado pela própria vítima, desde que a mesma saiba produzir esse resultado”. Refere que cada sociedade, em cada momento de sua história, tem uma aptidão definida para o suicídio (DURKHEIM, 1996).
MARTINS & BOEMER (2001), ao analisarem o periódico norte americano denominado “OMEGA – Journal of Death and Dying”, específico para publicações relacionadas à morte e ao morrer, puderam fazer um levantamento dos artigos publicados durante o período de 1980 a 1994. Nos artigos que abordam o suicídio como tema central observou-se a preocupação em caracterizar os fatores que influenciam sua ocorrência, sejam eles psicológicos, sócio-econômicos, religiosos ou patológicos. Alguns desses autores enfocaram a aceitação do suicídio pela sociedade e pela família e também sua aceitação como cultura e tradição. (MARTINS & BOEMER, 2001).
ANGERAMI (1986) enfoca o trabalho psicológico e psicoterápico na orientação aos familiares dos pacientes e de pessoas que tentaram o suicídio, na divulgação de fatores sociais, políticos e econômicos concernentes ao desespero individual, fatores esses que merecem a atenção da opinião pública e das autoridades competentes e na reflexão e estudos sistematizados da temática do suicídio. (ANGERAMI, 1986).
SAMPAIO & BOEMER (2000) elaboraram uma incursão pelas idéias da fenomenologia, particularmente pelo pensamento do filósofo Martin Heidegger. A compreensão da pessoa que decide colocar fim à sua existência pode se constituir, na perspectiva deste estudo, como um caminho para reconstrução e redimensionamento de suas perspectivas existenciais. Relatam ainda como os profissionais de saúde vêm lidando com esta faceta de morte que se encontra presente na rotina dos atendimentos das urgências em clínicas médica, psiquiátrica e cirúrgica. Ressaltam que há uma certa agressividade, desprezo, preconceito e incompreensão dos profissionais em torno da pessoa que tenta por fim à sua existência. (SAMPAIO & BOEMER, 2000)
Atualmente, o ato suicida tem como característica ser clandestino, ou seja, sem testemunhos, dissimulado, ocorrendo como se estivesse transgredindo regras expressas por nossa sociedade capitalista na qual a morte é banida, não enfrentada e evitada.
Será que os profissionais que atuam em setores dessa natureza estão preparados para lidar com isso? É difícil dizer como os profissionais devem lidar com essas pessoas. Afinal, conforme referem muitos autores, eles são preparados para salvar vidas, não para lidar com a morte. Muitos relatam sua impotência e frustração perante a imprevisibilidade da trajetória da morte. É como se nesses momentos estivessem diante da fragilidade de suas existências, reportando-se à sua própria terminalidade e à possibilidade de viver a mesma situação de seus pacientes. A negação pode surgir como uma forma de defesa para não entrar em contato com essa fragilidade. (CASSORLA, 1991).
Não há médico ou equipe que não sofra o impacto violento do suicídio. Os membros da equipe de saúde captam a agressividade do ato e o percebem como um ataque a eles mesmos, surgindo sentimentos de impotência, frustração e fragilidade. A equipe precisa lidar com o ato suicida como um sintoma de um quadro mais complexo, que deve ser investigado, identificado e combatido com estratégias adequadas.
Não é fácil para os profissionais lidarem com isso. Muitas dificuldades são enfrentadas ao lidar com atos auto-destrutivos e mesmo com o risco de que eles ocorram. Muitos dos profissionais percebem as dificuldades de trabalhar com o suicida e, conseqüentemente, com o suicídio. Há uma certa preocupação em dar um acompanhamento aos pacientes, realizando assim, um trabalho mais amplo. Percebem que a estrutura da Instituição não permite um cuidado mais abrangente. Surgem, então, sentimentos de culpa, impotência, frustração, fragilidade e desespero perante o ato auto-destrutivo. O fato do profissional se defrontar com um gesto suicida não devem impedí-lo de investigar conflitos ou desejos de morte ainda inaparentes e, principalmente, deve alertá-lo a não menosprezar as necessidades emocionais de seu paciente. Os profissionais precisam estar alertas diante da possibilidade de atos suicidas e, além da investigação das fantasias do paciente, poder examinar seus próprios sentimentos.
O suicídio se mostra aos profissionais como um pedido de ajuda, um pedido de socorro, algo que ocorre num momento de muito desespero. De uma forma geral, entendem que o suicida está tentando fugir de uma situação de sofrimento que chega aos limites do insuportável.
Por outro lado, há aqueles que acham que a tentativa de suicídio é uma forma que as pessoas encontram para chamar atenção. Porém, acredita que outras pessoas que tentam o suicídio fazem chantagem só para chamar atenção. É preocupante essa forma de pensar, pois se trata de profissionais que lidam diariamente com essas pessoas e acabam por manifestar certos preconceitos, menosprezando a importância da tentativa de suicídio.
Alguns profissionais se preocupam quando a pessoa fala que quer se matar; outros dão mais importância ao silêncio do paciente, entendendo que precisam ficar muito atentos, os profissionais percebem a dificuldade de lidar com o suicida e, conseqüentemente, com o suicídio.

CONCLUSÃO:
Oferecer elementos para os profissionais de saúde e áreas afins para que ampliem a visão sobre o tratamento em termos de prevenção e terapia ao paciente suicida. E, sob certos aspectos, o texto trabalha também o tabu da morte de si mesmo, aponta que o problema do suicídio, ainda que tenha a ver com uma singularidade, em certos casos tem também relação com a família, com as instituições, com certas culturas. Enfim, para ilustrar pode-se trazer à baila o poeta Maiakóvski, também um suicida, que dizia: “Morrer nesta vida não é difícil, o difícil é a vida e o seu ofício”.














REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMON, V.A.A. A ética diante dos casos de suicídio. IN:______,V.A.A. A ética na saúde.São Paulo:Pioneira Thomsom Learning,2002. p.149-169
Disponível em:
www.fen.ufg.br/revista/revista 6-2 imagens/seta.gif...
Entrada dia 16/10/2008 aproximadamente ás 3 horas.

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